Faz um tempo que não falo de programação. O que atiçou a vontade de escrever de novo sobre o assunto é, pra variar, a liberdade que as redes sociais deram para que muitos pudessem falar a respeito de tudo, só pelo esporte de falar.
Dessa bagunça toda, algumas “máximas” têm sido criadas sobre o meio e, a que dá o título deste post tem me incomodado recentemente, apesar de já ter respondido sobre isso.
O motivo é, eu gosto do que faço, e sim, eu me apaixono pelo meu código, e muito. Gosto do que ele faz, do resultado que ele gera. Como não ficar feliz quando todos os seus testes retornarem “Success” depois de enviar sua versão para o build automatizado? Até mesmo antes disso, quando você roda os testes localmente.
Sim, eu gosto do meu código, mas gosto mais ainda quando ele funciona. E funcionar significa, pelo menos para mim (e recomendo que para você), que ele passa nos testes.
Permita-me caro leitor conduzi-lo de forma resumida pelo processo de amadurecimento pelo qual passei, que me fez chegar no ponto da carreira em que estou.
Como comecei a gostar do meu código
Já criei bastante código (afinal são mais de 20 anos programando), menos do que deveria, sendo honesto. Sou o tipo de programador que gosta de matutar o problema, colocar no “papel” antes mesmo de escrever uma linha de código. Esse é meu “normal”. Era melhor ainda quando isso era feito em equipe, onde todos discutiam o mesmo problema numa sala enquanto rabiscávamos o quadro.
Em um momento, seja por pressão de projetos, seja porque outros profissionais usam uma abordagem diferente, seja por outra máxima, a de “errar rápido para corrigir rápido”, senti a pressão de codificar o quanto antes. Isso foi para mim, um erro. Comecei a criar muito código, código é trabalho, e trabalho tem valor. Mesmo que tivesse criado uma monstruosidade, tinha apego por ela, afinal, era minha criação, uma obra de arte.
Depois de muito ver minha arte causar dores de cabeça para mim e para outros do time, achei melhor mudar a forma de encarar meu trabalho.
Como comecei a desgostar/desapegar do meu código
O subtítulo é drástico, mas é mais ou menos o que acontece. O que mudou de fato foi o seguinte: TESTES!
Você aprende isso na aula de programação, mas esquece no minuto seguinte.
Se pudesse dar uma recomendação para qualquer programador em qualquer idade, seria o seguinte: Apegue-se a seus testes! É a parte mais importante do seu projeto. É a garantia de que seu código, bonito ou feio, curto ou longo, siga padrões de código ou não (deveria, mas esse é assunto para outro post), funcionará. Muito mais do que simplesmente compilar, o importante é que seu código faça o que ele deveria.
Se você trabalha numa linguagem moderna, ela provavelmente disponibiliza um mecanismo de testes, comumente unitários. Use-o, abuse dele. Nenhum profissional que conheço e que utiliza testes hoje se arrepende. Os que não usam, ficam na categoria dos que “ainda não entenderam”. Isso não vem de mim, mas dos grandes nomes da programação (Robert Martin, Martin Fowler, Dave Farley, entre outros).
Quando você se acostumar com o fato de que trabalho feito significa seu código passar nos testes, será o ponto em que você terá se desapegado dele.
Boa sorte e sucesso!