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Artigo – Educação à Distância e seus impactos na formação dos profissionais


O texto abaixo faz parte da Introdução ao Trabalho de Conclusão de Curso que estou construindo atualmente para finalizar a pós graduação.  É uma honra poder compartilhar tal conteúdo, até porque boa parte dele já pode ser encontrada em trabalhos acadêmicos do ramo. Na esperança de poder colaborar com os interessados no assunto, publico-o para apreciação.

Tomás

Apesar do conceito do EaD ir  além do uso de sistemas computacionais, este texto se atém somente aos que o utilizam, que compõem a  parcela significante nos dias atuais.

O uso do Ensino à Distância (EaD) tem crescido de forma considerável no cenário mercadológico nos últimos anos. Em alguns meios, tê-lo como opção é quase uma prática natural, como em cursos de especialização, onde parte deste ou até mesmo sua totalidade já é feita utilizando o modelo o EaD.

Isso evidencia a aceitação destes setores do mercado do modelo de ensino e também o amadurecimento dos sistemas de apoio (ferramentas LMS – Learning Management System), componente importante para a expansão deste modelo no mercado. As vantagens do EaD sobre o modelo tradicional já é um assuntos muito discorrido, conforme destaca NORONHA (2007):

A principal vantagem de um EaD sobre o Presencial está relacionada com a forma de o curso ser ministrado. Em um curso a distância, as regras não são tão rígidas, e o método de ensino não é tão sistemático, existindo uma maior flexibilidade no conteúdo a ser abordado. Em alguns momentos, pode-se parar o tema principal que está sendo abordado e voltar ao tema da aula anterior para fazer um esclarecimento mais detalhado; em uma sala de aula convencional, sendo conduzida pelo professor, talvez isso não aconteça. (NORONHA, 2007, p.14)

O fato é que mesmo com todo este crescimento e penetração, ainda há resistência por parte dos contratantes em aceitar profissionais formados no modelo à distância da mesma forma como é feita com modelo tradicional. Parte da culpa ainda pode ser compartilhada com próprios profissionais, uma vez que estes ainda preferem o ensino presencial.

Porém, conforme estudos realizados em universidades que experimentaram a implantação e testaram sua aceitação, mostram vantagens na formação baseado no ensino a distância. As vantagens, no entanto são significativas e até mesmo determinantes no momento da avaliação de um profissional.

Por exemplo, alguns aspectos que são identificados em profissionais formados em cursos baseados em EaD são que estes demonstraram um padrão de comportamento que o destacam dos que utilizam o ensino presencial, principalmente a autonomia e iniciativa. Entre outros, são o comprometimento com o estudo, uma vez que comprovadamente o professor não é o único responsável pelo seqüenciamento do estudo, tornando-o o discente mais responsável pela sua evolução no curso. O discente se torna mais independente, uma vez que materiais complementares tornam-se parte integrante e indispensável do modelo EaD, fazendo com que o professor não seja o único detentor do conhecimento. Ele passa a ter obrigatoriamente contato com diversos pontos de vista vindo destes materiais e também do apoio de tutores, comumente presentes nos cursos de EaD. Fica evidente que o aluno se torna explicitamente o maior responsável pelo seu sucesso no curso, pois este conta mais o seu esforço e não mais sua presença.

O fato é comprovado já que a sala de aula está disponível o tempo todo, e não somente durante o horário da aula. Sob este cenário, o professor torna-se praticamente um orientador ou motivador dos estudos.

É evidente que para acompanhar um curso neste modelo, é preciso um nível de dedicação superior ao que se investe para o sucesso em um curso presencial, conforme destaca OLIVEIRA (2009):

[…]  o  estudante  de Educação  a Distância  precisará  desenvolver  ou  aprimorar determinadas  habilidades  e  características  e  estabelecer  rotinas  para  aprender  a aprender,  sem  a  presença  e  a  cobrança  constantes  de  um  professor.  Entre  outras coisas deverá:  ser auto motivado, ou  seja, buscar em  si a motivação necessária para realização do curso; ser capaz de auto-organizar sugestões; ser capaz de trabalhar em grupo  de  forma  colaborativa  e  cooperativa;  ser  disciplinado,  a  fim  de  cumprir  os objetivos  que  estabeleceu  para  si  mesmo;  ser  responsável  por  seu  próprio aprendizado;  e,  estar  consciente  da  necessidade  de  aprendizagem  continuada  pelo resto da vida. (OLIVEIRA, 2009, p.72)

O que se espera disso é o nascimento de uma nova geração de profissionais que serão naturalmente auto suficientes em seu melhoramento e capacitação. Também é garantido um bom nível de conhecimento dos recursos de informática por parte do aluno, parte integrantes dos sistemas EaD baseados na internet, foco deste texto. “Verifica-se que os acadêmicos têm o bom conhecimento a respeito dos softwares empresariais, como pode ser visto em relação ao Word, Excel e PowerPoint” (ARIEIRA., 2009, p.326).

O resultados obtidos dos experimentos de cursos utilizando a aplicação plena de EaD são positivos tanto do ponto de vista da instituição como por parte dos discentes, conforme mostra o estudo de OLIVEIRA (2009).

Quanto  a  qualidade  do  curso  de  Licenciatura  em  Ciências  Biológicas  na modalidade  a  distância,  a  maioria  dos  alunos  do  pólo  Garanhuns  respondeu  que indicaria o curso a outras pessoas. […]. Ainda percebe-se que, grande parte acredita que o curso prepara  para  exercer  a  profissão,  outros  dizem  que  prepara  parcialmente  e  só  a minoria  não  considera  que  estarão  preparados  para  exercer  uma  profissão  de professor. (OLIVEIRA, 2009, p.76)

É claro que a qualidade do curso ter total  influência sobre a opinião dos alunos, da mesma forma que o curso presencial.

É importante evidenciar que esta não é uma defesa a completa substituição do ensino presencial pelo EaD, como muitos devem admitir. O EaD prioritariamente deve ser utilizado como um complemento ao ensino presencial, até por uma questão de adaptação. ARIEIRA cita:

[…] o papel principal da EaD não é o de substituir a educação tradicional, mas complementá-la na individualização dos conhecimentos de cada cidadão, de acordo com seus perfis, preferências e habilidades cognitivas. Outra função da EaD é permitir que pessoas excluídas do modelo tradicional de educação possam ser incluídas e ter seus direitos de acesso à educação e à informação garantidos. (ARIEIRA, 2009, p.322)

Após um primeiro momento, é esperada uma expansão deste movimento, tornando-o cada vez mais presente nas instituições de ensino, principalmente partindo da demanda dos próprios profissionais que reconhecerão o valor do método de EaD.

Em um segundo momento, espera-se que as empresas passem a dar o valor devido para os profissionais que passam por este tipo de formação ou até que dão preferência para este.

Mas é preciso atentar para o cenário atual do EaD nas instituições de ensino atuais. Algumas delas têm encarado sua aplicação apenas como uma forma de apresentar inovação em sua grade de cursos ou como economia de recursos ou “cadeiras” em sala de aula, uma vez que o custo por aluno em ensino presencial é significativamente superior ao EaD. Como conseqüência, os investimentos realizados tem gerado opções de cursos cujo EaD não passa de uma simples disponibilização de páginas ou materiais online e um portal com pouca interação, violando por completo o conceito deste modelo.

NORONHA (2007) coloca como requisitos para o software que aplique EaD funcionalidades que vão muito além da simples disponibilização de materiais online, priorizando principalmente recursos que promovam interação como Chat, Fórum, Grupos de discussão, vídeos interativos no modelo WebCast.

Torna-se então imprescindível um acompanhamento e feedback ativo por parte dos discentes em relação a instituições de ensino que praticam levianamente o aplicação de EaD, se é que pode-se admitir que o fazem, por parte das instituições de ensino no investimento correto e aplicável do método de EaD, baseado em casos de sucesso e várias outras instituições e também por parte das empresas na aceitação, valorização e incentivo aos profissionais no uso de EaD.

Referências

NORONHA, Maria do Carmo Garcia; ALCÂNTARA, André; REHEME, Michele. Ensino a Distância – Um Panorama de Mudanças;  Revista de Informática Aplicada, n. 01, 2007. p.14, vol. 3 Disponível em: <http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_informatica_aplicada/article/viewArticle/274> acesso em 12/06/2010.

OLIVEIRA LIMA, M., BARROS, D., MORAES, R.. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE. Educação a Distância e Práticas Educativas Comunicacionais e Interculturais, América do Norte, 2, dez. 2009. Disponível em: <http://www.edapeci-ufs.net/revista/ojs-2.2.3/index.php/edapeci/article/view/4>. Acesso em: 27 Jun. 2010.

ARIEIRA, Jailson de Oliveira et al . Avaliação do aprendizado via educação a distância: a visão dos discentes. Ensaio: aval.pol.públ.Educ.,  Rio de Janeiro,  v. 17,  n. 63, Junho  2009 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40362009000200007&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 27 Junho 2010.

Internet muda o aprendizado no Brasil

Sem querer ser tendencioso, o Jornal Nacional desta semana publicou uma série de reportagens sobre como anda a evolução da tecnologia nos dias de hoje e o impacto que isso tem causado no dia a dia do todo cidadão.

Abaixo coloco alguns pontos que me chamaram a atenção, principalmente por tratar sobre educação, aspecto que anda tão deficiente no Brasil atualmente.

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A expansão do número de computadores, que incluiu milhões de pessoas na internet, também tem reflexos diretos na educação, tanto em casa quanto na escola.

A expansão do número de computadores no Brasil, que incluiu milhões de pessoas na internet, também tem reflexos diretos na educação, tanto em casa quanto na escola. É o que mostram Flávio Fachel e Alberto Fernandez, na terceira reportagem da série que o Jornal Nacional exibe, nesta semana, sobre a tecnologia dos computadores na vida dos brasileiros.

“Quero ser piloto de avião”. “Médico”. “Veterinária”, dizem crianças.

Desejos de infância ilhados no meio do Atlântico. Para eles, faltam oportunidades nas escolas. Sempre foi difícil trazer e fixar professores do ensino médio em Fernando de Noronha. Imagine, então, manter um curso superior.

Quem pretendesse ir além do ensino médio, precisava ir rumo às universidades do continente. Ano após ano, o paraíso no meio do Atlântico via os seus jovens mais brilhantes irem embora.

É dia de despedida para Roberta Pereira. “Todo o pai tem que estar sempre com uma mala pronta dos filhos, porque de uma hora para outra eles têm que ir embora”, conta Elenilda Pereira, mãe de Roberta.

Ela vai continuar os estudos longe da família, no Recife. “Muita tristeza e saudade”, lamenta Elenilda.

Mas, no coração da ilha, os computadores ligados à internet avisam: para uma turma, o futuro pode ser em Fernando de Noronha mesmo. Eles vão ser os primeiros administradores, pedagogos e biólogos formados em Fernando de Noronha.

“Vocês não vão ter acesso aos professores. O curso vai oferecer teleconferência onde o professor vai estar ao vivo no qual você vai perguntar aqui e o professor vai responder de lá”, explica o professor.

Era tudo o que o aluno de biologia Fernando Paulo de Oliveira queria. Mergulhador experiente, acostumado a mostrar lagostas, arraias e tartarugas aos turistas, ele quer agora entender tudo o que vê no fundo do mar. Graças à Internet, o guia vai virar cientista.

– O teu horizonte ia até onde?
– Até aquela ilhota ali.
– E agora, com esse curso?
– Fica ilimitado. Jamais imaginaria chegar tão longe que hoje eu já imagino que eu possa chegar.

Em uma escola do Rio, também não há limites para a imaginação. É desde cedo que se aprende a estar no comando da tecnologia.

Aos 5 anos, aulas de robótica. O laptop se confunde com brinquedos educacionais. “Eu aprendo muita coisa”, conta uma menina.

A imagem é bonita, mas a alfabetização tecnológica ainda está longe de ser regra no Brasil. Professores da Universidade de Campinas acompanharam o desempenho de alunos do ensino fundamental e do ensino médio em escolas públicas e chegaram a uma conclusão reveladora.

“O resultado é que, independentemente da classe econômica e da série, os alunos que sempre usam o computador para fazer a lição de casa têm, em média, notas piores de alunos que nunca usam”, afirmou o professor Jacques Wainer, da Universidade de Campinas (Unicamp).

A pesquisa não diz por que isso acontece. Mas quem acompanha de perto a relação entre os jovens e os computadores tem pistas.

“Quando se fala: ‘Vamos abrir uma sala de informática’, estamos focando apenas na técnica. Desenvolver uma proposta pedagógica, desenvolver uma metodologia para o uso dessa tecnologia, capacitar continuadamente esses professores é realmente o que faz diferença”, afirma Rodrigo Baggio, do Comitê para a Democratização da Internet.

Já há quem ouse chamar lugares assim de ‘cemitérios do conhecimento’. Nas bibliotecas escolares, enciclopédias inteiras esquecidas pelos alunos. Trabalho? Só para a equipe de limpeza.

Quem tem mais de 30 anos, lembra como eram os trabalhos no tempo da escola. O professor passava o tema e os alunos vinham até as bibliotecas consultar livros para produzir as pesquisas.

Hoje, na época da internet, são raros os alunos que vêm até as estantes pra resolver o problema. Preferem usar a ponta do dedo. “Dou um Control C + Control V”, confessa a estudante.

Control C captura o texto na tela. Control V põe onde você quiser. Rápido e irresistível. São os comandos preferidos da geração ‘copia e cola’. “Não tenho o costume de ler. Não gosto e faço outra coisa”, revela a estudante.

Diga isso para a exigente professora Cláudia Afonso. No ano passado, desconfiada, ela resolveu investigar de onde teria vindo tanto conteúdo nos trabalhos de iniciação científica. Descobriu que todos os alunos usaram as tais teclas milagrosas: Control C + Control V.

“A gente fez uma contra-pesquisa na internet, buscando site por site de origem e riscando os trabalhos, dizendo: ‘Aqui está no site tal’. E demonstrei que havia ali uma cópia”, contou Cláudia Afonso.

Um trabalho copiado no colégio, outro na faculdade. A psicopedagoga Alba Maria Leme Weiss alerta: a multiplicação da preguiça intelectual logo, logo, cobra seu preço. “A gente corre um risco de uma geração medíocre, de uma geração mediocrizada. De querer tudo rápido, tudo fácil, só que o mercado de trabalho não vai aceitar isso. A vida não aceita isso”, avalia Alba Maria.

Os computadores estão chegando. O Governo Federal já começou a distribuir laptops para alunos da rede pública. A meta é fornecer, nos próximos anos, equipamentos para 300 escolas em todos os estados do Brasil, mas só as máquinas.

Simão Pedro Marinho, consultor do Ministério da Educação, deixou claro de quem será a responsabilidade de transformar a geração ‘copia e cola’ em uma turma mais criativa. “Quem vai fazer essa história são as escolas. Não tenha dúvida, são as escolas. As escolas farão a mágica que puder fazer. E cada mágica no seu contexto”, ele alega.

De cada 100 brasileiros, apenas 30 usam a internet para estudar e só quatro fazem cursos à distância pelo computador. Nesta quinta, você vai saber se estamos preparados para as conseqüências do uso de tanta tecnologia.

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Para aqueles que gostam de discutir sobre o assunto Educação, ficaria muito grato de receber comentários e até abrir um grupo de discussão a respeito.

Um grande abraço

Tomás Vásquez
http://www.tomasvasquez.com.br